Jean William Fritz Piaget, nascido em 1896, foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Ele foi o primeiro a responder a uma pergunta fundamental: como o conhecimento de mundo de uma criança muda com a idade? Em outras palavras: como ocorre o desenvolvimento cognitivo de uma criança?
Ao respondê-la, Piaget propôs que a criança era um um participante ativo no desenvolvimento de conhecimento, construindo seu próprio entendimento com base em suas experiências prévias. E essa ideia foi fundamental para os estudos em desenvolvimento que seguiram décadas depois.
Ele propôs quatro estágios de desenvolvimento cognitivo: O estágio sensório-motor, o estágio pré-operacional, estágio de operações concretas, e o estágio de operações formais.
Estágio sensório-motor
Primeiro estágio de desenvolvimento cognitivo, do nascimento até cerca dos 24 meses, quando a criança usa habilidades sensoriais e motoras para influenciar o ambiente. Este estágio pode ser facilmente resumido pela seguinte frase: O bebê está inteiramente ligado ao presente imediato, respondendo a todos os estímulos que estejam disponíveis. Ele não lembra eventos ou coisas de um encontro para o seguinte, e não parece planejar ou pretender. O bebê exibe um funcionamento intelectual inteiramente prático, de perceber-e-fazer.
Este padrão muda gradualmente durante os primeiros 24 meses, quando o bebê começa a entender que os objetos continuam a existir mesmo estando fora de vista, e quando ele se torna capaz de se lembrar de objetos, de ações e de indivíduos durante períodos de tempo. Contudo, Piaget insistia que neste estágio, o bebê ainda não é capaz de manipular essas primeiras imagens mentais ou memórias.
Estágio pré-operacional
Segundo maior estágio de desenvolvimento cognitivo, dos 24 meses até aproximadamente os 6 anos, marcado pela capacidade de usar símbolos. Por exemplo, começa a fazer brincadeiras de “faz de conta”.
No estágio pré-operacional, a criança começa a fazer brincadeiras de “faz de conta”, ficando evidenciado o uso de símbolos.
Piaget considerava o pensamento do pré-escolar rígido, capturado por aparências e ligado a sua própria perspectiva. Piaget chamou esse fenômeno de egocentrismo, e ao contrário do que se imagina, a criança não está sendo egoísta, ela simplesmente pensa (supõe) que todos veem o mundo como ela.
Estágio de operações concretas
Estágio do desenvolvimento entre as idades de 6 a 12 anos, durante o qual as crianças se tornam capazes de pensar de forma lógica. O estágio de operações concretas é caracterizado por um conjunto de esquemas poderosos e abstratos que são blocos construtores fundamentais do pensamento lógico, fornecendo regras internas sobre objetos e seus relacionamentos. Essas regras, contudo, são ainda concretas, ou seja, para muitas atividades, a criança ainda vai necessitar de um apoio real e/ou visual para a resolução da tarefa. O pensamento abstrato só vai ser desenvolvido no próximo estágio.
Reversibilidade – o entendimento de que ações e operações mentais podem ser revertidas.
Inclusão de classe – classes subordinadas de objetos estão incluídas em classes superordenadas.
Lógica indutiva – Racionar do particular para o geral, da experiência para as regras amplas, característica do pensamento operacional concreto.
Lógica dedutiva – Raciocinar do geral para o particular, de uma regra para uma instância esperada ou de uma teoria para uma hipótese, característica do pensamento operacional formal.
Estágio de operações formais
Quarto e último maior estágio de desenvolvimento cognitivo, ocorrendo durante a adolescência, quando a criança se torna capaz de manipular e organizar ideias ou situações hipotéticas, bem como objetos.
Este é o estágio das operações formais, cuja principal característica é a abstração. A criança sai do “concreto”, e parte para o “formal”, o abstrato.
É possível observar a solução sistemática de problema, que é a capacidade de buscar respostas para um problema de maneira metódica e sistemática, e o raciocínio hipotético-dedutivo, que é um raciocínio mais sofisticado, que envolve o uso da lógica dedutiva, a consideração de hipóteses ou premissas hipotéticas, e então a obtenção de resultados lógicos.
Grande parte da lógica da ciência é hipotético-dedutiva. Os cientistas começam com uma teoria e propõem, “se essa teoria for correta, então devemos observar tal e tal coisa”. Ao fazê-lo, eles estão indo bem além de suas observações; os cientistas estão imaginando coisas que devem ser verdadeiras ou observáveis.
Hoje em dia…
Embora estudos mais recentes revelaram inúmeras deficiências em seu relato original do desenvolvimento cognitivo, o esboço básico que ele descreveu pela primeira vez há mais de 70 anos sobre as mudanças cognitivas da infância para a adolescência parece ser razoavelmente preciso, e esse pioneirismo possibilitou um novo campo de pesquisa e de reflexão, incitando e incentivando novas ideias que viriam a surgir posteriormente.
O principal teórico que confrontou suas ideias foi o seu contemporâneo Lev Vygotsky. Mas Vygotsky também merece uma postagem só para ele!
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