Com os números de depressão e suicídio crescendo cada vez mais na infância e adolescência, cresce a preocupação com essa faixa etária no que compete a saúde mental.
Uma população que até então era vista apenas pelos transtornos do neurodesenvolvimento, hoje algumas crianças e adolescentes vivem em condições de pressão e de abandono que contribuem para esse quadro.
E com certeza é aterrorizante para os pais pensarem que eles podem deixar escapar sinais de um quadro depressivo em seus filhos.
Em alguns momentos estamos tão atarefados e centrados em nossos próprios problemas que os sinais podem passar despercebidos. Sem contar o distanciamento que, em alguns lares, pode se tornar mais evidente em lares com adolescentes, em razão de sua já conhecida e esperada rebeldia jovem.
Mas você, como pai e mãe, saberia detectar um possível quadro depressivo no seu filho?
Foi justamente essa pergunta que o C.S. Mott Children’s Hospital fez à pais em uma enquete nacional. E o resultado é preocupante.
A enquete
Segundo a pesquisa, 42% dos pais tem alguma confiança que observariam sinais de um quadro depressivo em seus filhos, enquanto que 48% certamente observariam. Apenas 10% não tem confiança nessa observação.
Essa pesquisa ainda apontou alguns dados que são considerados fatores de risco:
- Um em cada quatro pais informaram que seus filhos conhecem colegas com depressão;
- Um em cada 10 pais informam que seus filhos conhecem algum colega que se suicidou;
- Sete em cada 10 pais entendem que a escola deveria avaliar quadros depressivos em crianças.
No entanto, dois terços desses pais citaram barreiras existentes na relação que dificultariam essa identificação.
A maior preocupação dos pais é saber diferenciar entre altos e baixos da vida e quando é um quadro depressivo (40%). Já 30% dos pais relataram que possivelmente os jovens podem estar cada vez mais escondendo seus sentimentos. 14% revelaram que não conversa muito com seus filhos a respeito de emoções e sentimentos. 7% revelaram que não passam muito tempo com seus jovens, e 4% revelaram que desconhecem sinais de depressão.
É possível então supor que a habilidade de identificar um quadro depressivo nos filhos pode não ser tão efetiva quanto os pais pensam?
O que pode ser feito hoje para mudar isso?
Como sociedade, até hoje temos dificuldades em interagir com os nossos sentimentos. Você já passou por uma situação em que você não conseguia descrever o que estava sentindo, e só conseguiu verbalizar com “um aperto no peito”?
Isso pode ser um sinal que não sabemos exatamente o que estamos sentindo, e trazemos uma característica física para o nosso sofrimento psíquico.
Então como pais, a primeira coisa é conversar sobre os sentimentos. Entender o que e como sentimos o que sentimos. Desta forma, não apenas a identificação de sintomas se torna mais fácil, mas contribui para a saúde mental da criança e dos pais no futuro.
Converse e desmistifique a depressão: Se os pais, adultos, as vezes conhecem pouco sobre a depressão, imagine crianças e adolescentes que tem outras preocupações na cabeça. Compartilhe suas próprias experiências de ansiedade ou depressão, e mostre como você entende o sofrimento deles, e peça que eles compartilhem as deles, ajudando a identificar esses momentos. Mostre a eles que sempre há ajuda e esperança.
E se eles não falam comigo?
A depressão possui diversos sintomas na infância e na adolescência. Algumas crianças resolvem se afastar dos colegas e passam mais tempo sozinhas. Elas podem até parecer tristes.
Mas algumas delas apresentam comportamento agressivo ou irritado. E com isso, a comunicação entre pais e filhos pode se tornar complicada.
Portanto, em situações como essas, o importante é não dar pouca importância. Aquele silêncio ou aquela birra pode, muitas vezes, ser um pedido de ajuda.
Esteja sempre presente e sempre disponível para eles, e mostre que essa conexão estará sempre presente.
E na dúvida, procure um profissional da saúde mental.
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