A parentalidade pode ser uma tarefa bastante difícil. O papel que o pai e/ou a mãe exercem no desenvolvimento de uma criança é muito importante, e pode ser uma experiência bastante desafiadora, especialmente para os pais de primeira viagem.
E esse é um assunto que frequentemente encontro em consultório: qual é a conduta disciplinar que os pais devem aplicar em seus filhos. Ou seja, qual a conduta correta a ser adotada quando meu filho se comporta mal?
Modelos antigos de parentalidade
Sabemos que a geração de pais de hoje cresceu com uma outra realidade sobre a parentalidade: a do chinelo e a da cinta.
Na nossa infância (e eu me incluo nessa estatística), era muito comum ouvirmos ou até sermos vítimas das surras disciplinares dos nossos pais. Naquela época, achava-se que era o método que dava resultados, e ele era replicado pelas gerações. Não me entendam errado, nossos pais faziam isso não por maldade, o faziam porque era a maneira que eles aprenderam a lidar com esse problema.
Na prática, esse modelo surtia efeito apenas no momento da intervenção. “A punição pode produzir a paz que os pais desesperados necessitam, às custas dos inevitáveis efeitos colaterais – mas não oferece à criança qualquer caminho alternativo de ação, nenhum caminho para adaptar-se construtivamente”.
Mas hoje encontramos pesquisas sobre parentalidade que vem sendo feitas desde o final do século passado, e apontam para uma nova visão.
Novas pesquisas
Segundo a pesquisadora Elza Maria Canhetti Mondin, as práticas educativas parentais não devem pautar-se pela educação autoritária, nem por uma adoção de práticas permissivas, pois ambos podem representar um grande perigo ao desenvolvimento psicológico da criança.
“Crianças maltratadas tendem a ser retraídas, a ter pouca autoestima e a mostrar padrões reativos de hostilidade e agressividade”. Em crianças cujo comportamento agressivo já se observa na primeira infância, podem posteriormente progredir para agressividade e sintomas de problemas comportamentais no período escolar, se tornando ainda mais sérios na adolescência, emergindo como violência interpessoal e violações de propriedade.
Da mesma forma, “pais com pobre disciplina e fraco monitoramento dos filhos podem fazer com que estes não desenvolvam habilidades básicas necessárias, e apresentem baixa autoestima e condutas antissociais.
Por não exprimirem respostas apropriadas no manejo das situações no contexto familiar, essas crianças passam a ser rejeitadas na família. Ao participarem de outros contextos sociais, como não aprenderam a interagir de forma apropriada, não conseguem estabelecer relacionamentos produtivos no contexto geral, sendo novamente rejeitadas”.
Então o que fazer?
Como alternativa, a autora traz que há indicação de condutas parentais consideradas positivas e protetoras do desenvolvimento:
- Condução calorosa, demonstrando a aceitação da criança, a sua valorização pessoal, além do apoio às suas iniciativas;
- Encorajamento ao desenvolvimento de competência sociais;
- Frequência de interações mais positivas do que aversivas;
- Modelos apropriados de pais que favoreçam a identificação das crianças com eles;
- Incentivo ao desenvolvimento da autonomia, como a capacidade de fazer escolhas e da promoção da autodireção;
- Aplicação de métodos racionais e verbais de disciplina;
- Minimização de brigas e agressões entre os familiares.
E estes são apenas alguns exemplos de ações de parentalidade assertivas e positivas. Procure sempre ser justo e se proponha a dialogar com a criança. Caso seja necessário intervir disciplinarmente, explique o motivo da intervenção, e faça a criança entender o que ela fez errado.
E lembre-se que a abordagem parental também deve ser diferente entre crianças e adolescentes. Mas isso é assunto para um outro artigo.
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