O processo de envelhecimento é algo natural para todos nós. Desde o nascimento, nossos corpos passam por mudanças que fazem parte do desenvolvimento do organismo. Desde quando nascemos, estamos envelhecendo.
O termo envelhecer pode causar estranhamento e ansiedade para alguns, principalmente para a população mais jovem, que para eles é algo atribuído somente aos idosos. Mas todos nós estamos a cada dia mais velhos, e tudo bem! As costas agora doem, os olhos agora não enxergam tão bem, o remédio para a pressão agora é necessário. E o cérebro também participa deste processo. Esse processo normal de envelhecimento chamamos de Senescência.
O Cérebro
Em termos de desenvolvimento cerebral, também podemos observar esse envelhecimento. O córtex pré-frontal é a ultima parte do cérebro que se forma por completo, e atingimos o ápice efetivo dos processos cognitivos em torno dos 25 até os 35. A partir daí, é tudo um pouco mais complicado.
Conforme os anos vão se acumulando, podemos observar um aumento no nível de habilidade cristalizada (conhecimentos, experiências e habilidades), enquanto que a partir dos 35, as habilidades fluidas (mais relacionado com questões de lógica e matemática), diminuem. Olhe o gráfico abaixo:
Quando entendemos o processo de envelhecimento como um algo natural, precisamos levar em consideração que essas perdas são normais e esperadas. Enquanto acumulamos conhecimentos e experiências, nossa agilidade mental vai aos poucos perdendo sua eficácia.
Mas nem todas as pessoas passam pelo processo de envelhecimento da mesma forma. Quando observamos esse avanço inesperado dos processos de envelhecimento, podemos chamar de Senilidade.
Senilidade
A senilidade é a perda de funções que é considerada anormal e não esperada ao longo dos anos. Observando o gráfico novamente, é possível entender essas perdas analisando as linhas pontilhadas em vermelho:
Normalmente é causada por uma patologia, um transtorno neurocognitivo maior, conhecido como demências. Existe hoje uma lista de patologias que se enquadram no espectro do transtorno neurocognitivo maior: Alzheimer, Parkinson, fronto-temporal, vascular, Huntington. Por esse motivo é muito importante o acompanhamento do processo de envelhecimento.
Hoje as pesquisas avançaram significativamente, e já temos estudos que identificam causadores de várias demências (veja esse vídeo sobre o mecanismo causador do Alzheimer), e também estudos que mostram eficácia no combate ao Alzheimer.
Eu esqueço muito as coisas…Tenho Alzheimer?
Não é bem assim. Quando falamos de demência estamos falando em termos de funcionalidade, e não estritamente de habilidades cognitivas. É fato que quando uma pessoa demonstra indícios de demência, um dos primeiros sintomas observados é o esquecimento da memória imediata. No entanto, esses esquecimentos se tornam um problema na vida da pessoa, trazendo até mesmo riscos ao sem bem estar. Por exemplo: Ela deixa o fogão ligado, esquece se tomou os remédios.
Em casos avançados de Alzheimer, a pessoa pode esquecer da própria fisionomia e não se reconhecer frente a um espelho.
Então quando devo procurar ajuda?
É muito importante a atenção especial aos indícios dos primeiros sintomas da doença no processo de envelhecimento. As perdas cognitivas de memória e de aprendizagem serão as primeiras a serem observadas, principalmente por familiares e pessoas próximas ao idoso.
Essas perdas devem ser graduais, reais e limitantes para o idoso. É necessário o conhecimento do funcionamento prévio do idoso, e um forte indício é a observação de uma incapacidade na realização de uma tarefa que ele anteriormente faria sem problema ou ajuda.
Por isso o papel da família nesse processo é fundamental.
O diagnóstico de um transtorno neurocognitivo maior é de caráter longitudinal. Por se tratar de perdas cognitivas e de funcionalidade, um acompanhamento a longo prazo deve ser realizado por profissionais qualificados.
A Reabilitação Neuropsicológica também vem demonstrando seus resultados em pacientes demenciados. Neste momento de vida, o objetivo principal dos profissionais é a melhora na qualidade de vida do paciente, e nesse aspecto, ela é uma importante aliada para o idoso e também para a família.
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