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Estudo correlaciona autismo com o imprinting genético
O autismo é um transtorno mental que vem sendo amplamente estudado. Muitas teorias foram descritas, mas pouco se sabe sobre sua etiologia. Alguns pesquisadores atribuem à causas genéticas, outros à questões ambientais. Recentemente, pesquisadores conseguiram correlacionar autismo com o imprinting genético.
Imprinting genético
O imprinting genético é um fenômeno genético em que são expressos genes de apenas um dos alelos, ou seja, de apenas um dos pais. Eles vem sendo estudados desde o século passado na origem e diagnóstico de alguns transtornos mentais como autismo e esquizofrenia. Em maio deste ano, no entanto, uma equipe de pesquisadores chineses descobriu uma lista de 13 destes genes.
A pesquisa
Segundo os pesquisadores, foi encontrada “uma correlação positiva entre os genes relacionados com o autismo e a distribuição desses genes no cromossomo”. Foi possível construir um sistema de coordenadas espaço-temporal da expressão genética durante o desenvolvimento do cérebro, e foram observados esses 13 genes que são relacionados tanto com o autismo quanto com o imprinting genético.
Além disso, mutações ou alterações na região de controle do imprinting podem levar a algumas doenças, indicando que os genes impressos e o desenvolvimento do cérebro desempenham um papel importante no diagnóstico e prognóstico no autismo.
Os mesmos autores ainda apontam que em estudo anterior, publicado no Annual Review of Neuroscience em 2016, foi demonstrado que a expressão do imprinting genético influencia diretamente em funções do recém nascido, como alimentação, regulação metabólica, sono e comportamento.
Estudo sobre o desenvolvimento encefálico em autistas
Estudos anteriores, sobre desenvolvimento encefálico em autistas apontaram que o tamanho da cabeça é normal ao nascimento, mas se torna maior aos 2-3 anos. Estudos de imagem em crianças com autismo demonstraram que a expansão excessiva do cortex durante os 6-12 meses culminam neste aumento do volume encefálico no segundo ano. Este crescimento do volume encefálico é relacionado com a ocorrência e severidade das dificuldades sociais características no autismo.
Ao comparar, portanto, 15 estágios de desenvolvimento encefálico, foram observados quatro estágios com o maior número de genes expressos diferencialmente em comparação com o estágio anterior do desenvolvimento cerebral: desenvolvimento embrionário precoce ao desenvolvimento fetal precoce, desenvolvimento fetal ao estágio pré-natal, primeira infância à infância, e meia idade à velhice. Este resultado confirma que diferentes estruturas cerebrais seguem diferentes trajetórias de desenvolvimento na infância e na vida adulta.
Eles concluem, então, que este estudo “sistematicamente correlaciona o desenvolvimento do cérebro e o imprinting genético com o autismo.
Ainda, segundo esta pesquisa, será possível confirmar ou refutar a correlação do autismo com o imprinting genético do lado paterno: dos treze genes encontrados, 7 são transmitidos pelo pai, e apenas quatro são pela mãe, enquanto que os dois restantes tem origem desconhecida ou variável. De acordo com a American Psychiatric Association, sabe-se hoje que existe uma maior predisposição de autismo em homens, em uma relação de quatro homens para cada mulher.
Embora mais pesquisas sejam necessárias, este estudo desempenha um papel muito importante ao afirmar que a genética desempenha papel fundamental na origem do autismo.
O que esperar das crianças com um próximo retorno às aulas presenciais
Pouco se fala a respeito do retorno das aulas, mas uma questão sem dúvidas permeia a cabeça dos pais: o que esperar das crianças com o retorno das aulas presenciais? As reações podem ser várias: medo de se infectar com o vírus, ansiedade, insegurança ou até mesmo falta de propósito, e é muito importante que os pais estejam preparados para esse momento, e já comecem a conversar com os filhos acerca desse retorno para ser o mais tranquilo possível.
O que esperar
Ver uma criança se recusando a ir à escola ou a realizar atividades acadêmicas é bastante comum em um munto sem pandemia. Muitas vezes, essas atividades não estimulam a criança ao aprendizado. Imaginemos agora como será esse retorno, onde não apenas os filhos não tem vontade de voltar, mas os pais tem medo dos seus filhos serem infectados.
Os pais e a ansiedade
Infelizmente é algo que passa pela cabeça de qualquer pai. “Meu filho vai voltar e vai ficar doente”. Essa ansiedade, sem dúvidas, será percebida pelo seu filho ou filha, e dificultará muito o retorno. O medo de contaminação todos nós temos. O tempo inteiro temos que tomar cuidado, e considerar que tudo o que tocamos está infectado. Então troque essa ansiedade por educação em biossegurança desde cedo: Discipline-os a usar a mascara do jeito certo, de higienizar as mãos e não encostar no rosto, de evitar ao máximo aglomerações e de respeitar o distanciamento social. E comece hoje mesmo! Em casa! Pratique com eles!

Quanto ao ambiente escolar, tenho certeza que a equipe da escola também está pensando em estratégias para a sala de aula também!
Crianças com ansiedade da separação
Pode ser possível que, dependendo de como a família encare essa pandemia, crianças podem apresentar ansiedade de separação dos pais, ou até mesmo um transtorno de ansiedade social. É muito importante que os pais conversem com os filhos a respeito dessa separação, e busquem alternativas para lidar com essa ansiedade. E se não está dando conta da sua ansiedade, procure ajuda.
“O modelo de educação em casa me serviu muito bem”
Sem dúvidas nesse momento a educação à distância demonstrou de forma muito interessante seus benefícios no combate à pandemia. As crianças tiveram que lidar com as atividades de outras formas, e o modelo homeschooling pode trazer benefícios até na organização do dia a dia e planejamento.
Mesmo assim, a educação presencial exerce papel essencial no desenvolvimento físico, cognitivo e social da criança. A heterogeneidade de pensamentos e de personalidades em uma sala de aula auxilia no aprendizado e na formação da própria maneira de se perceber e de ver o mundo. É comum que adolescentes busquem outras referências além do círculo familiar para formar a própria personalidade e outras formas de pensar. Ainda, Vygotsky falou sobre a zona de desenvolvimento proximal. Já ouviu falar?

As aulas semanais de educação física ou esportes praticados em grupo também garantem o desenvolvimento físico e da motricidade, e são essenciais para o desenvolvimento como um todo. Então, por mais que estudar em casa seja seguro, a educação presencial é insubstituível.
Algumas orientações
A partir do que apresentamos aqui, acredito que esteja um pouco mais convencido que a educação presencial ainda é muito importante para uma criança ou adolescente em desenvolvimento, e de maneira alguma pode ser completamente substituída pelo homeschooling. Então é muito importante que os pais estejam atentos a isso, e comecem a orientar e disciplinar os filhos ao gradual retorno das aulas presenciais:
- Fale abertamente com eles sobre o retorno à escola desde hoje. Vai auxiliar na ansiedade neste retorno, e vai te dar uma ideia de quão difícil sua tarefa será quando as escolas reabrirem;
- Estabeleça rotinas normais de sala de aula: horário de acordar e de dormir, horários de escola e de deveres de casa;
- Converse com a criança acerca da escola. Pergunte sobre colegas e professores, sobre atividades e até a estrutura da escola. Vá familiarizando novamente a criança, através da memória dela, do ambiente físico da escola;
- Se você se sentir seguro, coloquem máscaras e façam, de carro, o caminho até a escola;
- E para os pais: não deixem transparecer sua ansiedade com esse momento.
Algumas dessas dicas certamente irão ajudar, e é muito importante que essas e outras dicas de outros profissionais sejam seguidas. Mas em alguns casos essa transição pode ser mais difícil e trabalhosa, e serão necessárias intervenções mais intensivas. Por isso, se sentir dificuldade, busque ajuda especializada.
Seu cérebro e o distanciamento social
Com as medidas de restrição e distanciamento social se tornando cada vez mais comuns em nosso dia a dia, podemos as vezes sentir falta deste contato que muitas vezes nos conforta. Ainda que chamadas de vídeo e videoconferências trazendo um certo alívio nessa ausência, o contato social sempre fez parte do cotidiano. E digo isso até mesmo de um ponto de vista evolutivo. Mas com todas essas mudanças, como o seu cérebro reage ao distanciamento social?
Um estudo publicado antes da pandemia do COVID-19, que comparou as respostas do cérebro às situações de interação social com e sem contato físico pode explicar essa questão.
Cérebro vs interação social virtual
De acordo com Lewen’s Haemey Lee Masson e colegas, autores Belgas que publicaram o trabalho no início do ano de 2020, afirmam que “o sentido do toque nos possibilita eficientemente interagir com aspectos sociais e físicos do ambiente”. Ou seja, se você encosta em um objeto, você percebe mais informações a respeito do objeto que você conseguiria apenas com a visão, como textura ou peso. Com pessoas, o processo é semelhante. Quando você tem contato físico com uma pessoa, como um aperto de mão ou um abraço, por exemplo, você potencialmente pode coletar informações que verbalmente não foram expressas.
Os autores afirmam que, com base no que eles chamam de “toque virtual”, é possível que esses toques através de canais visuais de comunicação podem ativar caminhos neurais similares ao ativados durante o toque físico. Quando você vê alguém sendo abraçado através de uma vídeochamada, por exemplo, o seu cérebro desencadeia respostas neurais no cortex somatossensorial, a área que registra o toque no seu próprio corpo. Isso abriu uma possibilidade para o estudo da cognição social, algo que, segundo os autores, pesquisas anteriores não levavam em consideração.
Foram observados os resultados de neuroimagem de 37 participantes, com idade de 19 a 38 anos que observavam clipes mostrando toques entre humanos e entre humano e objeto. Os vídeos entre humanos mostravam abraços, apertos de mão, tapinhas nas costas, enquanto que os vídeos com objetos mostravam os mesmos movimentos, mas com objetos inanimados.
O cérebro e o ambiente virtual
Os achados mostraram que padrões de comunicação entre as regiões do cérebro eram diretamente relacionados com as áreas de interesse definidas pela pesquisa (área de processamento visual, processamento somatossensorial e cognição social), e mostraram um maior padrão de ativação com os vídeos de interação social entre humanos que entre objetos. De acordo com os autores, “durante a observação da ação de tocar de outras pessoas, extensivas mudanças ocorrem na estrutura funcional do cérebro, dependendo se o recebedor é uma pessoa ou um objeto”, o que se torna um resultado muito importante para entender um pouco mais o funcionamento do cérebro no distanciamento social

Além disso, os videos entre pessoas provocaram reações mais intensas nas áreas do cérebro associadas com a teoria da mente, ou como você assume conclusões sobre o estado mental de outras pessoas. Ou seja, as redes neurais do seu cérebro leva as informações baseadas no toque como uma maneira de entender outras pessoas.
Agora, respondendo à pergunta: um abraço social pode nos confortar nesses dias de distanciamento social? A resposta é sim. Bom, pelo menos pode nos proporcionar algum alívio e consolo. Apesar de não ser possível compartilhar uma refeição com a pessoa que você ama, o seu cérebro faz o possível para se adaptar a essa nossa nova realidade.