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A avaliação neuropsicológica
A avaliação neuropsicológica é um processo de investigação que tem por objetivo principal observar o funcionamento cognitivo, afetivo, emocional e comportamental do avaliando, de modo a identificar facilidades e dificuldades na sua interação com o ambiente. Este processo é muito importante, pois facilita e orienta nas hipóteses diagnósticas, contribuindo de forma interdisciplinar no cuidado da saúde mental.
O processo de investigação
Uma avaliação neuropsicológica é um processo que demanda tempo de realização. Como é uma investigação ampla, será necessária uma quantidade significativamente grande de sessões para que todas as informações possam ser coletadas, sem pressa e sem equívocos. Normalmente, com crianças e adolescentes, as avaliações costumam durar de sete a oito sessões. Durante essas sessões, serão observados os comportamentos da criança, bem como seus desempenhos nos testes que são aplicados, para não apenas extrair os resultados, mas realizar uma análise interpretativa com as observações clínicas realizadas em consultório.
O que é observado
Os testes psicológicos são instrumentos de coletas de informações, e eles os fazem de forma quantitativa em uma avaliação neuropsicológica. Quer dizer, os testes buscam observar e quantificar um desempenho cognitivo específico, e comparar este resultado com uma amostra da população geral. Em outras palavras, os testes possibilitam observar se determinada capacidade cognitiva está adequada, ao compararmos com o desempenho de outras pessoas de mesma idade.

De maneira geral, são observadas as seguintes capacidades:
- Inteligência geral (QI)
- Atenção: atenção seletiva, atenção sustentada, atenção alternada, atenção dividida.
- Funções executivas: planejamento, controle inibitório, velocidade de processamento, volição, flexibilidade cognitiva, memória operacional.
- Memória: de curto e longo prazo verbal, de curto e longo prazo visual, semântica, episódica, autobiográfica, prospectiva
- Linguagem: compreensão, expressão, vocabulário, fluência, nomeação
- Habilidades acadêmicas: cálculos matemáticos, escrita, leitura, grafia, motricidade.
- Praxias: visoconstrutiva, ideomotora, ideatória
- Cognição social: Habilidades sociais, teoria da mente, identificação de emoções
- Afetividade: humor, emoções, sentimentos.
Esta investigação utiliza uma lista longa de testes e técnica, e demanda tempo, esforço e experiência do avaliador.
O papel de outros profissionais na avaliação
O trabalho do neuropsicólogo não se resume apenas ao consultório. Apesar de ser um processo de 7 a 8 sessões, o profissional ainda tem uma quantidade de tempo limitada com o avaliando. Por isso, a entrevista com outros profissionais se mostra pré-requisito para uma investigação mais adequada do paciente.
A escola é uma instituição que auxilia muito neste processo. A professora é uma profissional que passa muito tempo com o paciente, e com certeza tem observações comportamentais que, devido ao contexto escolar, pode orientar novos olhares para a investigação.

Da mesma forma, é bastante comum a entrevista com psicólogos, fonoaudiólogos, neurologistas, enfim, qualquer profissional que possa trazer essa visão longitudinal do paciente.
Desempenho cognitivo versus funcionalidade
Muito além de pensarmos em um resultado dos testes, o neuropsicólogo deve pensar em como isso influencia o dia a dia do avaliando. Ou seja, de que forma a sua falta de memória, por exemplo, está interferindo na sua funcionalidade no dia a dia. Desta forma, é possível pensar em estratégias para que o desenvolvimento infantil continue acontecendo de forma saudável.

Em crianças, é bastante comum ouvirmos a queixa de problemas na escola. Claro, a escola é um dos primeiros momentos que dificuldades de aprendizagem aparecem de forma clara, e uma nota baixa em matemática pode até ser normal. O problema é quando é observada uma dificuldade constante, que esteja influenciando o desenvolvimento da criança.
Alguns problemas ainda podem surgir no período pré-escolar, mas como a exigência cognitiva não é tão alta, muitas crianças tendem a desenvolver problemas nos períodos escolares, onde a demanda aumenta significativamente.
Laudo: conclusão e encaminhamentos
Uma vez feitas todas as investigações qualitativas e quantitativas, o profissional elabora um documento que vai descrever todo o processo de avaliação neuropsicológica: O Laudo psicológico.
É nele que o profissional descreve quantas sessões utilizou, quais técnicas e testes usou, quais profissionais entrevistou.
É também nesse documento que são interpretados os resultados das investigações, de modo a não apenas trazer dados quantitativos para o leitor, mas de explicar de que forma aqueles resultados podem interferir no seu desempenho no dia a dia. É possível trazer uma hipótese diagnóstica no laudo, de modo a dialogar com outros profissionais da área da saúde, como médicos, fonoaudiólogos, etc.
E é, por fim, neste documento que os encaminhamentos são traçados. Lembre-se que a psicologia como ciência e como profissão busca melhorar a qualidade de vida das pessoas. Com o resultado de uma avaliação neuropsicológica em mãos, é possível identificar suas dificuldades e facilidades, procurar os profissionais adequados para determinada demanda, e também orientar intervenções pedagógicas para um melhor desempenho na aprendizagem.

Ficou curioso(a) e quer saber mais? Entre em contato.
Aprendizagem: transtorno ou dificuldade?
Transtorno de aprendizagem ou dificuldade de aprendizagem. Você sabe a diferença entre eles?
Quando pensamos nesses dois termos podemos nos deparar com certa confusão e dúvida a respeito dos seus significados. Quando seu filho está indo mal na escola, isso é um transtorno ou uma dificuldade de aprendizagem?
No contexto clínico, eles são carregados de informações que fazem bastante diferença tanto no olhar para a criança quanto na intervenção.
Dificuldades escolares
Existem inúmeros motivos que podem fazer uma criança ir mal na escola. Cada criança tem o seu próprio tempo, isso todos nós sabemos, então o processo de ensino-aprendizagem pode não ser linear para todas elas.
No entanto, quando percebemos que algo a mais está influenciando esse processo de aquisição de novas habilidades e conhecimentos, precisamos entender o que está acontecendo para poder intervir de forma apropriada.
De maneira geral, no contexto escolar, encontramos tanto o transtorno de aprendizagem quanto a dificuldade de aprendizagem. Entenda a diferença:
Dificuldades de aprendizagem
Quando falamos em dificuldades de aprendizagem, estamos nos referindo aos problemas que a criança enfrenta para adquirir novos conhecimentos e habilidades. No entanto, não são necessariamente relacionados com algum tipo de transtorno, e podem até ser situações passageiras.
Uma série de fatores pode causar uma dificuldade de aprendizagem: desde uma mudança estrutural na família (separação ou casamento dos pais), a necessidade não detectada de óculos, mudança de endereço e de escola, alteração de rotina, excesso de atividades curriculares e extracurriculares, e até mesmo problemas comportamentais e ambientais na sala de aula.

Podemos identificar, portanto, uma amplitude maior de causas para a dificuldade de aprendizagem. Elas podem ser ambientais, de fácil resolução, ou mais complexas e que podem demandar ajuda profissional.
Transtorno de aprendizagem
Ao contrário da dificuldade, no transtorno de aprendizagem, é possível observar um diagnóstico, uma condição neurológica, biológica e/ou psicológica que influencia diretamente no aprendizado. Normalmente associadas a alterações estruturais encefálicas, falha no processamento de informações ou desbalanceamento de neurotransmissores no cérebro. São os chamados transtornos do neurodesenvolvimento.

Os transtornos do neurodesenvolvimento mais comuns vistos nas escolas são o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o Transtorno Específico da aprendizagem (também conhecidos por dislexia, discalculia, disgrafia e disortografia), Deficiência Intelectual (DI) e os transtornos de linguagem.
Obviamente são condições mais complexas, que necessitam, inevitavelmente, de avaliação e intervenção profissional qualificada, para que o desenvolvimento intelectual, social e biológico da criança não fique comprometido.
O papel da escola
A escola sempre desempenha importantíssimo papel no processo de desenvolvimento dos filhos. É a partir da observação dos professores em sala de aula que os primeiros indícios de dificuldades na aprendizagem surgem. Quando todas as crianças já passaram por uma atividade, e uma delas está realizando uma tarefa anterior, e encontra dificuldade, pode ser um indicativo, e os professores são os profissionais que tem mais acesso a essas informações.

E é ainda mais importante que os pais estejam sempre em contato com a escola. Que saibam o que está acontecendo, e como anda o desenvolvimento do seu filho.
Obviamente o objetivo não é tornar os pais os carrascos dos filhos, cobrando apenas notas altas deles, mas sim de identificar e procurar ajuda quando algo realmente sério surgir.
Se você tem dúvidas a respeito dessa diferença, ou percebe questões comportamentais no seu filho em sala de aula ou em casa, entre em contato ou deixe um comentário!
Como identificar o autismo
Como identificar o autismo? Você já se perguntou de que forma o autismo se manifesta? Sem dúvidas é um assunto que vem sendo abordado de diversas formas, não apenas por profissionais da área da saúde, mas também por pais e familiares que convivem diretamente com filhos ou parentes com o transtorno.
Mas o autismo é um transtorno de alta amplitude diagnóstica, tornando a identificação um desafio até mesmo para profissionais qualificados que estudam diariamente o assunto, devido ao alcance de possibilidades de manifestação.
O objetivo deste artigo é trazer informação às pessoas interessadas em conhecer mais sobre o autismo, conhecido também como Transtorno do Espectro Autista (TEA). Você sabe como identificar o autismo?
O TEA
O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento mais facilmente identificado em crianças. Em adultos também é possível identificar o autismo, no entanto estratégias compensatórias e aprendizados obtidos durante a vida podem em alguns momentos mascarar os sintomas, excluindo autistas do diagnóstico durante muito tempo.
De maneira geral o TEA apresenta:
- Déficit persistente na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos. Normalmente é uma criança que não apresenta reciprocidade emocional, déficits nos comportamentos comunicativos não verbais, ou ainda déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos.
- Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesse ou atividades. Esses padrões podem variar consideravelmente, indo de movimentos motores repetitivos, fala estereotipada ou repetitiva, uso ou interesse em objetos incomuns, interesses fixos e restritos, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento, hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais.
Como o TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento, é característica diagnóstica do transtorno que esses déficits sejam observados desde a primeira infância (aproximadamente 2 anos de idade). Alguns autores relataram indícios comportamentais já nos primeiros 15 meses. Em casos que os sintomas apareceram apenas na adolescência ou ainda na idade adulta, ou seja, não se manifestaram na infância, a hipótese de TEA é automaticamente descartada.
O TEA ainda é identificado por outras características. A primeira delas é o nível de gravidade: Nível 1 “exigindo apoio”, nível 2 “exigindo apoio substancial” e Nível 3 “exigindo apoio muito substancial”.
Outras características devem ser observadas: se há comprometimento intelectual ou comprometimento da linguagem concomitantes. Essas características não apenas tipificam o transtorno, orientam e possibilitam estratégias de intervenção.
Crianças com TEA
O TEA é um transtorno de alta amplitude diagnóstica. Isso quer dizer que os sintomas nem sempre aparecem da mesma forma em diferentes crianças. Mas de maneira geral os critérios diagnósticos descritos acima devem ser observados.

Em criança esses indícios comportamentais são mais claros, pois elas sofrem menos interferência de aprendizados e experiências sociais.
Adultos com TEA
Em alguns casos, principalmente com autistas leves, o diagnóstico não é realizado na infância. A criança que era vista como diferente cresce, casa, tem filhos, tem trabalho e uma independência, de maneira geral consegue se adaptar. Mas depois de vários anos descobre tardiamente o diagnóstico. Como identificar o autismo em adultos é um fenômenos que vem sendo bastante observado por conta do desconhecimento sobre o transtorno na época em que essas pessoas eram crianças, e as primeiras manifestações do TEA surgiam.

Um assunto que se debate muito hoje é a prevalência de TEA entre meninos e meninas e a questão cultural que permeia o diagnóstico.
Menino com TEA e menina com TEA
A estatística que temos no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª ed.) publicado em 2015, aponta uma prevalência de 4 meninos com TEA para cada menina com o mesmo diagnóstico. Os números oficiais ainda são esses, mas gostaria de propor uma reflexão com relação ao diagnóstico em meninas:
Veja, culturalmente até hoje ainda é mais aceitável que uma menina seja tímida, introvertida e prefira atividades calmas e dentro de casa. Já para os meninos é esperado que sejam expansivos, extrovertidos, que corram, joguem futebol e subam em árvores. Esses estereótipos comportamentais infantis são presentes até hoje (mesmo na era dos smartphones), e comprometem a visão dos pais sobre seus filhos.
Ora, em casos de TEA leve, uma menina introvertida é apenas uma menina introvertida. Agora um menino introvertido destaca aos olhos dos pais e de familiares. Contextualizando ainda para as décadas de 1980 e 1990 onde a tarefa de identificar o autismo era ainda mais difícil devido a falta de informação, muitas autistas adultas de hoje foram crianças não diagnosticadas. Por isso não é difícil observar um possível problema com essa relação 4:1 entre meninos e meninas.

Este estudo indica que a relação de 4:1 é apenas uma média. Em casos de TEA leve, sem comprometimento cognitivo, a relação chega a 6:1, enquanto que casos moderados a graves a relação cai para 1,5:1.
O estudo traz algumas inferências: as meninas teriam maior predisposição a TEA graves, e os meninos teriam um baixo limiar para disfunção cerebral. Mas nada impede de inferir também que meninas com habilidades intelectuais preservadas tendem a se adaptar melhor as condições ambientais que lhe são impostas.
Diagnóstico e precoce e tardio
O diagnóstico de TEA é interdisciplinar, clínico, realizado através de observação direta do comportamento, testes neuropsicológicos e entrevista com pais e cuidadores.
Crianças que são diagnosticadas precocemente são possibilitadas de realizar tratamentos adequados para suas condições, e podem com isso adequar suas vidas às necessidades sociais que serão impostas a ela. De maneira geral, são treinamentos relacionados com habilidades sociais.
Já adultos que são diagnosticados tardiamente com TEA são casos mais complexos. Além de não terem sido submetidos a treinamentos em habilidades sociais necessários para eles, o déficit na comunicação e nas interações sociais tendem a ser altamente ansiogênicos. Esses indivíduos podem continuar socialmente ingênuos e vulneráveis, sendo mais propensos a ansiedade e depressão.
Por isso, ao menor sinal de TEA, busque ajuda com psicólogos e neurologistas para não apenas ter o diagnóstico, mas para promover as intervenções que serão essenciais para o desenvolvimento da criança com TEA.
Buscando mais informações
Em Florianópolis existe a AMA Florianópolis (Associação Amigo dos Autistas) que faz um excelente trabalho não apenas na intervenção, mas também na orientação, no acolhimento e encorajamento de pais e familiares. Dá uma conferida!