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Filhos e as férias escolares
As férias escolares vem aí, e com isso, as atividades semanais das crianças são reduzidas. Isso significa dizer que elas acabam passando boa parte do tempo em casa, e até certo ponto ociosas. Por consequência, a fonte de entretenimento mais fácil e próxima tende a ser o celular ou o videogame. Não há nada errado em deixar a criança jogar no celular ou no videogame. A questão é a quantidade de tempo que a criança passa com os olhos grudados em uma tela. Em algumas situações, pode ser bastante problemática. Nesse artigo falo um pouco sobre os filhos e as férias escolares.
A criança em desenvolvimento
O desenvolvimento infantil é a etapa do desenvolvimento mais importante. É o momento em que boa parte dos conhecimentos e habilidades são adquiridas. Crianças são como esponjas, já ouvi essa expressão várias vezes, e tenho certeza que você também. Essa metáfora é bastante fiel com a realidade. Elas absorvem tudo o que aprendem e fazem centenas de perguntas por dia. O cérebro da criança está em constante mudança, e é nesse momento que vai se adaptando estruturalmente para a vida adulta.

Durante a escola, a criança tem um ritmo habitual de aprendizagem, que varia em torno de quatro horas por dia. Em casa, esse ritmo cai consideravelmente. E por mais que as férias escolares seja um período de descanso, nada impede que os pais ofereçam atividades para o entretenimento e o desenvolvimento dos seus filhos.
Por isso, é muito importante pensar no desenvolvimento pleno da criança, aproveitando esse potencial de absorção cognitiva desta etapa e proporcionar a maior variedade de estimulação possível.
Crianças e o meio eletrônico
Os aparelhos eletrônicos sempre foram bastante interessantes e chamativos para a maioria, e não há nada de errado nisso. Alguns estudos indicam que jogos eletrônicos podem contribuir para habilidades como memória operacional, habilidades visuoespaciais e velocidade de processamento, além de lógica e resolução de problemas. No entanto, outros estudos concluíram que a exposição prolongada a jogos eletrônicos podem proporcionar perdas em outras esferas do desenvolvimento da criança, podendo apresentar agressividade, o isolamento social e até mesmo depressão.

É por isso que o videogame não deve ser a unica forma de entretenimento durante as férias escolares. Não existe a quantidade certa para o videogame, e cada caso deve ter sua atenção e cuidado. Regra geral, recomenda-se de uma a duas horas por dia no máximo, desde que não se tenha prejuízos no dia a dia.
Cabe aos pais administrar esse tempo, e proporcionar outras formas de brincadeiras, que além de entreter, proporcionam o desenvolvimento pleno de todas as habilidades das crianças.
Mas o que você pode fazer com seus filhos durante as férias escolares? Começamos com a mais simples: tirar a criança de dentro de casa.
Motricidade
A motricidade é muito importante para o desenvolvimento infantil. A motricidade é a que possibilita a criança interagir com o mundo a sua volta. Incentivar atividades que envolvam motricidade vai não só estimular o crescimento ósseo e muscular da criança, mas vai fortalecer habilidades que elas vão utilizar por toda a sua vida.
Algumas atividades que podem ser realizadas com crianças para estimular a motricidade:
- Pega-pega;
- Jogos de mímica;
- Jogos de tabuleiro que usam motricidade (como o Jenga);
- Praticar esportes;
- Fazer dobraduras de papel ou recorte e cole.

Essa lista vai até onde a sua imaginação possibilitar. Garanto que muitos pais que viveram essa época sem videogames podem agregar mais algumas atividades a essa lista!
Sociabilidade
A sociabilidade, assim como a motricidade, são habilidades essenciais para a criança, pois são utilizadas durante toda a vida. É a partir da sociabilidade que ela vai aprender a lidar em sociedade, em contato e em troca com o próximo. É muito importante que a criança desde cedo saiba lidar com situações sociais, desenvolvendo essas habilidades.
O que podemos fazer para incentivar a sociabilidade:
- Jogos de tabuleiro cooperativos (a galápagos jogos tem vários);
- Ajudar nas tarefas de casa;
- Pedir ajuda a ela na hora do mercado.

Novamente, essas listas não são exaustivas, cada pai e mãe pode identificar as preferências dos seus filhos para que elas se sintam mais engajadas nas atividades.
Concluindo…
É sempre muito importante colocar todas essas informações em um contexto. Excesso de atividades, que possam vir a deixar ela cansada, também não vão ser interessantes para ela.
Fazer com que elas larguem o celular pode ser difícil, mas buscando atividades de interesse dela, e o mais importante, os pais participando das atividades e largando o celular vai motivá-las ainda mais.
Ficou com alguma dúvida? Comenta aqui embaixo ou entra em contato.
O processo de envelhecimento
O processo de envelhecimento é algo natural para todos nós. Desde o nascimento, nossos corpos passam por mudanças que fazem parte do desenvolvimento do organismo. Desde quando nascemos, estamos envelhecendo.
O termo envelhecer pode causar estranhamento e ansiedade para alguns, principalmente para a população mais jovem, que para eles é algo atribuído somente aos idosos. Mas todos nós estamos a cada dia mais velhos, e tudo bem! As costas agora doem, os olhos agora não enxergam tão bem, o remédio para a pressão agora é necessário. E o cérebro também participa deste processo. Esse processo normal de envelhecimento chamamos de Senescência.
O Cérebro
Em termos de desenvolvimento cerebral, também podemos observar esse envelhecimento. O córtex pré-frontal é a ultima parte do cérebro que se forma por completo, e atingimos o ápice efetivo dos processos cognitivos em torno dos 25 até os 35. A partir daí, é tudo um pouco mais complicado.
Conforme os anos vão se acumulando, podemos observar um aumento no nível de habilidade cristalizada (conhecimentos, experiências e habilidades), enquanto que a partir dos 35, as habilidades fluidas (mais relacionado com questões de lógica e matemática), diminuem. Olhe o gráfico abaixo:

Quando entendemos o processo de envelhecimento como um algo natural, precisamos levar em consideração que essas perdas são normais e esperadas. Enquanto acumulamos conhecimentos e experiências, nossa agilidade mental vai aos poucos perdendo sua eficácia.
Mas nem todas as pessoas passam pelo processo de envelhecimento da mesma forma. Quando observamos esse avanço inesperado dos processos de envelhecimento, podemos chamar de Senilidade.
Senilidade
A senilidade é a perda de funções que é considerada anormal e não esperada ao longo dos anos. Observando o gráfico novamente, é possível entender essas perdas analisando as linhas pontilhadas em vermelho:

Normalmente é causada por uma patologia, um transtorno neurocognitivo maior, conhecido como demências. Existe hoje uma lista de patologias que se enquadram no espectro do transtorno neurocognitivo maior: Alzheimer, Parkinson, fronto-temporal, vascular, Huntington. Por esse motivo é muito importante o acompanhamento do processo de envelhecimento.
Hoje as pesquisas avançaram significativamente, e já temos estudos que identificam causadores de várias demências (veja esse vídeo sobre o mecanismo causador do Alzheimer), e também estudos que mostram eficácia no combate ao Alzheimer.
Eu esqueço muito as coisas…Tenho Alzheimer?
Não é bem assim. Quando falamos de demência estamos falando em termos de funcionalidade, e não estritamente de habilidades cognitivas. É fato que quando uma pessoa demonstra indícios de demência, um dos primeiros sintomas observados é o esquecimento da memória imediata. No entanto, esses esquecimentos se tornam um problema na vida da pessoa, trazendo até mesmo riscos ao sem bem estar. Por exemplo: Ela deixa o fogão ligado, esquece se tomou os remédios.
Em casos avançados de Alzheimer, a pessoa pode esquecer da própria fisionomia e não se reconhecer frente a um espelho.
Então quando devo procurar ajuda?
É muito importante a atenção especial aos indícios dos primeiros sintomas da doença no processo de envelhecimento. As perdas cognitivas de memória e de aprendizagem serão as primeiras a serem observadas, principalmente por familiares e pessoas próximas ao idoso.
Essas perdas devem ser graduais, reais e limitantes para o idoso. É necessário o conhecimento do funcionamento prévio do idoso, e um forte indício é a observação de uma incapacidade na realização de uma tarefa que ele anteriormente faria sem problema ou ajuda.
Por isso o papel da família nesse processo é fundamental.

O diagnóstico de um transtorno neurocognitivo maior é de caráter longitudinal. Por se tratar de perdas cognitivas e de funcionalidade, um acompanhamento a longo prazo deve ser realizado por profissionais qualificados.
A Reabilitação Neuropsicológica também vem demonstrando seus resultados em pacientes demenciados. Neste momento de vida, o objetivo principal dos profissionais é a melhora na qualidade de vida do paciente, e nesse aspecto, ela é uma importante aliada para o idoso e também para a família.
Como lidar com o TDAH
Na semana passada escrevi sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade/Impulsividade (TDAH): O que é, como se manifesta, como é feito o diagnóstico, e também algumas dicas. Hoje, pretendo continuar escrevendo sobre o TDAH, mas agora para os pais das crianças que já foram diagnosticadas, ou que estão no processo de investigação diagnóstica em como lidar com o TDAH.
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta principalmente a funcionalidade da criança. Uma criança com diagnóstico de TDAH possui perda no rendimento em uma função relacionada com o controle cognitivo de ordem superior, responsável pela realização de tarefas, englobando flexibilidade mental, memória operacional e controle inibitório: São as Funções Executivas. A criança tem certos prejuízos que outras crianças sem o transtorno não costumam demonstrar no dia a dia. E apesar de o tratamento com o metilfenidato ser atualmente a referência para o tratamento farmacológico, existem outras orientações que também fazem parte desse tratamento. Uma delas é a psicoterapia:
Psicoterapia e TDAH
A psicoterapia vem demonstrando eficácia no tratamento de crianças com TDAH. Além do tratamento medicamentoso, a psicoterapia é indicação essencial para que a criança possa reaprender a lidar com sua condição, reavaliar e possibilitar a mudança de alguns hábitos e rotinas, através de técnicas e treinamentos.
Mas esteja preparado: essas técnicas tem efeito ampliado se forem reforçados pelos pais ou responsáveis em casa.
Papel dos pais no TDAH

O papel dos pais na psicoterapia infantojuvenil é essencial para que resultados apareçam. Afinal de contas, quando consideramos um contexto de uma criança com TDAH, a rotina de casa deve ser cuidadosamente analisada.
Com a função executiva comprometida, os pais muitas vezes se encontram em uma situação de desamparo, onde uma solicitação à criança é feita, mas não é obedecida, sendo feita novamente, também sem sucesso. São seguidos pela ameaça, também não obtendo resultado, e por fim, por impotência, acabam ocorrendo situações de agressividade.
É muito importante que esse círculo vicioso se quebre. E é ainda mais importante ter conhecimento que a criança não tem culpa nessa teimosia. Essas desregulações comportamentais são resultados de desequilíbrios de neurotransmissores no cérebro!
Abaixo seguem algumas dicas para os pais seguirem forte no tratamento dos filhos com TDAH:
- Cuide-se: Crianças com TDAH tendem a demandar muita atenção e energia, então evite estar cansado quando ela precisar de sua atenção. Descanse quando possível, faça o que gosta de fazer, como um hobby, etc;
- Não procure a perfeição: Os erros da criança durante o aprendizado são completamente normais e esperados. Buscar sempre a perfeição pode causar o efeito de inadequação ainda maior na criança, que já tem essa sensação na escola;
- Reforce sempre a relação positiva com ele: essa pode parecer até boba, mas seja sempre gentil e elogie seu filho, que está sim se esforçando para realizar a tarefa que lhe foi dada;
- As regras devem ser claras e objetivas: evite explicações muito prolongadas ou muitas atividades simultaneamente. Isso vai dificultar ainda mais para ele;
- Procure antecipar o problema: Se você tem algo que deve ser feito com ele (uma consulta médica, uma visita, etc), procure se antecipar e conversar com ele em um local calmo, estipulando as regras, e quem sabe até traçando recompensas pelo comportamento adequado.
- Mantenha o controle: Lembre-se que você é a referência para seu filho. Ele depende de você para que o tratamento dê resultado. Então é muito importante que os pais tenham sempre calma e controle.
Dica de leitura

A editora Hogrefe lançou em 2016 um livro com nome “Como lidar com o TDAH – Guia prático para familiares, professores e jovens com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade”. É um guia que recomendo a aquisição porque é curto, barato e de linguagem acessível, que pode ajudar ainda mais a como lidar com o TDAH.